Embora a ação de respirar seja fundamental e comum a todas as pessoas, nem todas respiram da mesma forma. Podemos distinguir diferentes padrões respiratórios em diferentes pessoas. Estes padrões têm influência em (quase) todos os aspetos da nossa vida.

 

Em repouso, o padrão respiratório deveria ser o seguinte: inspiração e expiração duram sensivelmente o mesmo tempo, intercaladas por ligeiras pausas.

 

Podemos identificar 3 principais padrões respiratórios, na maioria das pessoas:

  • Shallow Breathing
  • Respiração Abdominal
  • Presença de Apneia

 

Padrão Shallow Breathing, também designado de Chest Breathing

 

Neste padrão a inspiração é caracterizada por uma subida acentuada do peito e a ação de inalação é realizada predominantemente pelos músculos intercostais, em vez de pelo diafragma.

Desta forma, os ciclos respiratórios são curtos e rápidos e a quantidade de ar inalada é muito limitada.

Este padrão pode ser um sinal de hiperventilação, sendo que quem apresenta este padrão respiratório raramente tem consciência dele e usa-o durante todo o dia.

 

Estão associados a este padrão:

  • Estados de stress e ansiedade;
  • Aumento da tensão muscular, principalmente na região do pescoço;
  • Asma e ataques de pânico.

 

Aquilo que culturalmente nos é transmitido por “encolher a barriga” e “respirar pelo peito” pode levar a situações de shallow breathing.

A ativação constante da musculatura abdominal e a ação de reduzir o perímetro abdominal podem levar a uma redução dos movimentos do diafragma. Isto pode levar à diminuição da ação do diafragma e consequente limitação das suas muitas funções.

 

Respiração Abdominal

 

Caracterizada por uma expansão do abdómen na inspiração e recuperação na expiração.

Na inspiração o diafragma contrai e desce, empurrando os órgãos para baixo. Se não ocorrer uma ação dos músculos abdominais de contenção, existe uma expansão do abdómen para a frente. Na expiração acontece o processo inverso.

Isto é o que se chama de “respirar na barriga”, algo que se pode facilmente observar nos bebes e nas crianças pequenas.

 

Assim, neste padrão:

  • Os ciclos respiratórios são lentos e mais profundos;
  • O principal responsável é o diafragma;
  • Há uma promoção da diminuição do ritmo cardíaco;
  • Está associado a estados de relaxamento, melhoria da postura corporal;
  • Ajuda a aliviar estados de stress, ansiedade e cansaço;
  • Permite um aumento da capacidade pulmonar.

 

Por outro lado, a diminuta ativação da musculatura abdominal, neste padrão, pode levar a uma redução da estabilização da zona média (“core”) e um aumento da curvatura lombar (lordose acentuada).

 

Presença de Apneia

 

Este padrão caracteriza-se por ocorrerem pausas no ciclo respiratório. Estas pausas ocorrem depois da inspiração, depois da expiração ou em ambas as situações.

A existência de apneia não é algo necessariamente desadequado e vai depender:

  • Se existe consciência do seu uso ou não;
  • Da situação e das ações que estamos a realizar;
  • Do tempo que vamos estar em apneia.

 

Situações de apneia prolongada levam invariavelmente a aumentos da tensão muscular na região abdominal e também no pescoço e ombros. Assim, esta situação não é desejável de manter durante longos períodos de tempo.

 

Diferentes padrões respiratórios em diferentes situações

 

A respiração não é sempre igual e depende do que estamos a realizar.

Se estamos a dormir a respiração deve ser muito lenta. Neste caso, a respiração é totalmente controlada pelo SNA (Sistema Nervoso Autónomo).

Se estamos acordados mas em repouso, a respiração deve ser lenta, abdominal e de preferência sem ocorrer apneia.

Se estamos a realizar exercício físico ou alguma atividade maus intensa, a respiração deve continuar a ter como foco a ação do diafragma, mas o core deve estar ativado para manter o tronco estabilizado e potenciar a ação dos membros superiores e inferiores. Podem, desta forma, ocorrer alguns momentos de apneia, consoante a intensidade do esforço.

 

Fora estes, existem ainda alguns padrões respiratórios patológicos documentados:

  • “Cheyne-Stokes (RCS)”
  • “Biot”
  • “Kussmaul”
  • Paradoxal

 

De seguida encontram-se dois exercícios respiratórios.

Ambos ajudam a tomar mais consciência e treinar o uso de apneia.

 

 

Neste artigo sobre diafragma, publicado anteriormente, pode ler sobre a respiração e as estruturas associadas ao processo respiratório. Pode também ler sobre o Papel do Diafragma na Respiração neste artigo.

 

Texto da autoria do professor de Pilates 

Bruno Rodrigues